Itália: norte VS sul
- Ana Henriques
- Nov 29, 2017
- 2 min read
Factos introdutórios sobre o lindo país em que estou a viver há 5 meses: Itália é um país grande! Tem 60,5 milhões de habitantes e 300 mil km2 de superfície. Se nenhuma luz se acendeu no hemisfério esquerdo do vosso cérebro e estes números continuam a ser dados aleatórios que vão esquecer nos próximos 10 segundos, não faz mal (a minha mente também não é orientado para a matemática, acho mesmo que o lado esquerdo está adormecido e o direito trabalha a dobrar!).

Vou comparar com Portugal para ser mais fácil:

Itália é três vezes maior e tem 6 vezes mais habitantes. Fazendo um apanhado: é grande mas não é nenhum Brasil, mas o suficiente para haver grandes diferenças culturais entre o norte e o sul. Diferenças essas que são… spoilers: TUDO, ELES ODEIAM-SE.
Em Veneza (norte!) tudo é pequeno e bem feitinho (como as mulheres em Portugal, gosto eu de pensar, que sou uma delas!). Pontes levam-nos a atravessar pequenos canais, onde circulam gôndolas que parecem acabadas de sair da fábrica, dentro estão casais apaixonados ou famílias com crianças pequenas vestidas de igual.

Pelas ruas, igualmente pequenas e estreitas, convivem os turistas e locais, os primeiros apetrechados de máquinas fotográficas e os segundos dos seus cãezinhos, que são caniches, chihuahuas ou labradores bebés (os cães grandes não têm espaço para se esticar em Veneza, ficam nas suas casotas, nos subúrbios). E este padrão repete-se nas ilhas ao lado: em Murano, a ilha famosa pela produção de vidro, todas as montras expõe esculturas em vidro, mais ou menos especiais, para expor a arte ou para vender souvenirs.

Em Burano cada casa tem uma cor e juro que não há cores repetidas, segundo a lei estética que não está escrita mas que está evidente nas milhares de fotos de Instragram ali produzidas diariamente.
O sul é um caos que te faz respirar de alívio. Em Nápoles trânsito é uma confusão de motas, pessoas e carros sem lei nem ordem e por isso atravessar a estrada é uma emoção! É um desenrasca-te e segue os locais. As ruas são feias, a tinta cai das paredes e há lixo no chão.

As pessoas vestem-se, claramente sem seguir as tendências de moda de Milão, e falam alto no metro. E isso não te deixa desconfortável, pelo contrário. Sabes que ali, o que é bonito é mesmo bonito e o que é feio é simplesmente a maneira como as coisas são. Em Veneza um passeio de gôndola é vendido como uma experiência romântica e autêntica do que é a cidade e não como uma volta de barco extremamente cara num riacho poluído conduzido por um gondoleiro bêbado. O sul, talvez por ainda não ter sido consumido pelos turistas, é mais autêntico. A comida é mais barata e mais saborosa. Pode não agradar tanto aos olhos mas definitivamente agrada mais à boca. Quase, quase a desejar trocar o norte pelo sul, lembras-te o desemprego que assola por estas bandas e apercebes-te que, como em Portugal, o barato é relativo.
Moral da história: sê certinho e trabalhador no norte para depois ires curtir com a conta recheada para o sul!
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